dezembro 05, 2006








enhor,


passados sete meses completos -- e mais doze dias
-- de minha permanência neste longínquo e atrasado Regnun Berbero, volto a escrever à Vossa Majestade, que Deus guarde, para pedi-lo mais uma vez a graça de retornar a nossa amada Cristande Ocidental, onde o Sol da sabedoria e das luzes das ciências nunca se põe.

Nestes setes meses tenho a certeza de ter exercido com minhas maiores forças a tarefa de fazer propagar as ditas luzes de nossa amada e exuberante Cristandade, mesmo que o alcance de meus esforços não tenha logrado vastos resultados.

Apesar disso, senhor, mais uma, como vosso fiel súdito e vassalo coloco-me aos vossos pés a peço à vossa real benignidade, como Fidelíssimo príncipe cristão que sois, permita-me o regresso ao vosso reino cristão juntamente com o nobilíssimo Cavaleiro Cosmopolita.

Esta Província Mikaela, como todas as províncias deste Regnun, vive na maior das barbáries; e já não possuo forças, senhor, para aqui continuar. Aqui não há poesia, Majestade. Aqui não há bossa nova. Nem água para nosso consumo.

É com muito pesar, apesar de exaltar a todo o tempo o bem servir do Estado, que sinto este ano esvair e o próximo chegar sem que previsões de retorno à Corte. Não tenho mais forças. Não sei o quanto mais aguentarei nestas terras incultas e incautas, senhor. Aqui não há bossa nova, senhor. Aqui o Sol não nasce.

Que Deus guarde Vossa Majestade, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves d'aquém e d'alem mar em África, Senhor de Guiné e da conquista, navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia etc.

Desta Província Mikaela, neste Regnum Berbero,
hoje, terça-feira, aos 5 dias de dezembro de 2006.

Seu fiel súdito, que tanto vos venera e admira.