setembro 25, 2007

Sobre histórias da carochinha...

Como se não bastasse o tal do Eduardo Bueno aparecendo todos os domingos no Fantástico, no quadro É Muita História – que merecia o complemento da Carochinha no final – para falar merdas históricas tiradas da cabecinha de achismos dele, ontem no Programa do foi entrevistado o jornalista Laurentino Gomes, autor do livro 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil, sobre a transferência da Corte lusa para o Brasil quando das invasões napoleônicas a Portugal.

Aqui segue um apelo, de coração:


JORNALISTAS, FAÇAM O SEU TRABALHO E DEIXEM A HISTÓRIA PARA OS HISTORIADORES.

Não entendo esse afã de certos jornalistas escreverem sobre História, quando eles propagam besteiras e achismos. O livro desse camarada aí – 1808 – nada mais é do que o resultado da leitura de várias obras de historiadores sérios com uma belíssima (¬¬) conclusão baseada em suas opiniões pessoais, que propagam mitos do senso comum, como de um D. João bobão. Isso não é História. Não é assim que se produz o conhecimento histórico. O historiador não passa seu tempo lendo o que os outros disseram para fazer resumos.

História requer metodologia, teoria, documentação (seja ela de que tipo for). Requer também leitura do que os outros escreveram, mas para que o historiador se contextualize, saiba o que foi produzido a respeito de sua pesquisa, para que tome rumos. Mas o resultado final não é – ou, em tese, não deveria ser – um resumão do que já foi escrito. Claro que a conclusão de um historiador sobre determinado assunto pode ser diferente de um outro historiador que trata do mesmo tema. Mas essas visões costumam ter bases sólidas, em linhas que um ou outro seguiu.

Nenhum outro período da História brasileira foi tão importante quanto esses treze anos em que a Corte esteve no Brasil. Aliás, o Brasil só existe hoje como nós o conhecemos porque D. João veio para cá. Porque senão, o Brasil não existiria." (auge da matéria com o autor de 1808)

Vejamos... Começamos a contar a atuação portuguesa na América a partir de 1500. D. João chega ao Brasil em 1808. Tá... E o que fazemos com os 308 de História antes da chegada de D. João? Não contaram para o que nós somos hoje? Foi D. João que trouxe influências indígenas, africanas, judaicas etc. em sua comitiva? Foi ele que juntou essas influências com a cultura européia e criou uma outra coisa que temos hoje? Quer dizer que somos o que somos hoje por causa da transferência da Corte para o Brasil? Quer dizer então que se D. João não viesse para o Brasil não existiríamos? É isso? De verdade?


Ou seria essa uma maneira de dizer que, com a vinda da Corte para o Brasil, estávamos necessariamente predestinados à Independência? O nome disso é anacronismo. É pensar o ontem com a cabeça de hoje. É racionar o passado ou um objeto histórico qualquer com os conhecimentos de temos do que acontece depois desse fato. E esse é o maior pecado que existe na produção e pensamento histórico.

Além dessa, várias outras abobrinhas foram ditas no curtíssimo – graças a Deus! – espaço de tempo que durou a entrevista. Infelizmente este livro está em 5º lugar em vendas. Mais uma obra consolidando anacronismos, achismos e uma pretensa verdade histórica.


Não, não estou defendendo ou sugerindo que a gente tem que ter uma sociedade de historiadores, mas sim, que, por favor, os jornalistas façam o seu trabalho e deixem a produção do conhecimento histórico para quem tem condições de o fazer.
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Muita pretensão, né!

setembro 20, 2007

"When I couldn't fly you gave me wings"


Há algum tempo venho querendo fazer um post especial, mas não encontrava as palavras. Daí dias desses, não sei por que cargas d'água, pensando em músicas velhas, me lembrei de uma do Bon Jovi que parece descrever perfeitamente o que sinto.

E talvez essas palavras caiam melhor ainda em uma semana de tanta compreensão, dedicação e carinho.

Bem, o cenário do vídeo é Roma. Não sei ao certo o quanto, mas pelo mapa parece perto da Toscana. Quem sabe a gente não dá uma esticada por Roma em nossa viagem? =)


Quanto à música em si, a versão do vídeo não é a completa -- que é a mais bela -- mas não deixa de expressar o que sinto.

Amo você!!!

Thank you for loving me
(Bon Jovi)

It's hard for me to say the things
I wanna say sometimes
There's no one here but you and me
And that broken old street light
Lock the doors
We'll leave the world outside
All I've got to give to you
Are these five words when I

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn't see
For parting my lips
When I couldn't breathe
Thank you for loving me
Thank you for loving me

I never knew I had a dream
Until that dream was you
When I look into your eyes
The sky's a different blue
Cross my heart
I wear no disguise
If I tried, you'd make believe
That you believed my lies

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn't see
For parting my lips
When I couldn't breathe
Thank you for loving me

You pick me up when I fall down
You ring the bell before they count me out
If I was drowning you would part the sea
And risk your own life to rescue me

Lock the doors
We'll leave the world outside
All I've got to give to you
Are these five words when I

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn't see
You parted my lips
When I couldn't breathe
Thank you for loving me

When I couldn't fly
Oh, you gave me wings

You parted my lips
When I couldn't breathe
Thank you for loving me

setembro 18, 2007

Sobre coisas d'África, Bahia, Rio de Janeiro e Brasil


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Omulu

Omulu, também chamado de Obaluaiê, é o mais temido dos Orixás, pois comanda as doenças e a saúde, em suas mãos estão a enfermidade e a cura. Ei-lo no terreiro revestido de palha, rosto e corpo escondidos, para não exibir as chagas da lepra e da bexiga negra, coberto de coceiras, de mazelas, torto e aleijado. São Lázaro e São Roque. Atotô, meu Pai, dá-nos saúde, livrai-nos do mal! Seu dia é segunda-feira, as contas podem ser vermelhas e pretas ou pretas e brancas. Quando a palha de sua roupa é roxa, Omulu é Chapanan, terrível, amedrontador. Usa filá (capuz), xaxará e colares de búzios. Os xaxarás em geral são belíssimos, alguns de autoria de mestre Didi. Omulu come bode, galo, pipocas e aberém: massa de milho branco frita na folha da bananeira. Distribui as doenças e a saúde. Quando ele passa dançando no terreiro, vai recolhendo as enfermidades de seus filhos, carrega com elas, deixa os corpos limpos e sãos.

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Xangô

Xangô é um dos orixás mais poderosos, deus do raio, do fogo, do trovão. Foi o terceiro rei de Oyó. Seus símbolos são a pedra do raio e o oxé – machado duplo. Cores: vermelho e branco [na Bahia; no Rio de Janeiro, sua cor é marrom], roupas e contas. Cágado é sua comida preferida, juntamente com amalá (caruru). Toda quarta-feira, seu dia, come amalá. Gosta também de carneiro e galo. Sua dança é poderosa, dança de rei. Sua saudação: Kauô Kabiesile! Foi marido de três mulheres: Obá, Oxum e Yansã. Governava aconselhado por doze ministros, os doze obas, seis da direita, com voz e voto, seis da esquerda, com voz apenas. No candomblé do Axé do Opô Afonjá é conservada a tradição dos obás de Xangô. Entre esses obás estão Carybé, Dorival Caymmi, Genaro de Carvalho, Miguel Santana, Camafeu de Oxossi e o autor destas linhas [, Jorge Amado]. Há doze qualidades de Xangô entre as quais Afonjá, Ogodô, Ayrá, Aganju, Lubé, Ibaru. Ayrá veste branco. Ogodô dança com dois oxés, um em cada mão. Xangô figura entre os orixás mais populares.

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Yansã

Yansã é conhecida também por Oyá e quando é Oyá Bali comanda os eguns, dona dos mortos. É o orixá dos ventos e das tempestades. Corajosa guerreira, acompanhou seu marido Xangô na guerra. Foi sua terceira mulher. Divindade do rio Niger, mandona, sensual e inflexível. No sincretismo baiano [e também no carioca] é Santa Bárbara e tem um mercado com seu nome na Baixa dos Sapateiros. Contas roxas, roupas vermelhas [; no Rio de Janeiro, sua cor é o amarelo ouro]. Usa espada e oruexim feito de rabo de boi. Come cabra, galo, acarajé, não come abóbora, tem quizila. Saudação: Eparrei! A mais velha das Yansãs camada Oyá Ibejé.

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(Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios - Jorge Amado)
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Apenas para ilustrar, uma das mais lindas passagens de Jorge Amado em Dona Flor e seus dois maridos:

Ah[, Flor]! Tu me mandaste embora, de volta me mandaste, não tenho outro jeito senão partir. Minha fôrça é teu desejo, meu corpo é teu anseio, minha vida é teu querer, se não me queres eu não sou. Adeus, Flor, já vou embora, estão me amarrando com um mokan e se acabou.
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A cidade se elevou nos ares e os relógios marcaram, ao mesmo tempo, meio-dia e meia-noite na guerra dos santos: todos os orixás para enfrentar Vadinho, egun rebelde e seu carrêgo de amor, e Exu sòzinho a defendê-lo. O raio e o trovão, a tempestade, o aço conta o aço e um sangue negro. Deu-se o encontro na encruzilhada do último caminho, nos limites do nada.

... Rei da guerra, Xangô cercado de obás e ogans, na côrte em esplendor, disparando raios e coriscos. (...) Omulu, com seu espantoso exército, comandando a bexiga negra e a lepra de milênios, o escarro podre e o pus, tôdas as doenças. Vadinho, tísico e pestilento, cego e surdo. Exu mastigou as doenças, uma a uma, curandeiro de tribos africanas.

Empunhando o paxorô de prata, lança invencível. Oxalá era dois: o môço Oxaguiã e o velho Oxalufã. Ao seu passo de dança todos se curvavam. Precedendo-o vinha Yansã, a que governa os mortos, mãe da guerra. Seu grito emudeceu o povo e, como um punhal, rasgou o coração exposto de Vadinho.

Juntos vieram em formação cerrada, com suas armas, suas ferramentas, sua lei antiga. Achando pouco serem tantos, convidaram os orixás da nação grunci e os de angola, os inkices congoleses e os caboclos. Todas as nações, do sul ao norte, contra Exu e seu egun. Partiram para o choque derradeiro.
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Quem comandou a revolta foi o Cão e às vinte e duas horas e trinta e seis minutos ruíram a ordem e a tradição feudal. Da moral vigente só restavam os cacos, logo recolhidos ao Museu.

Mas o grito de Yansã susteve os homens no pavor da morte. De Vadinho, sem mãos, sem pés, sem estrovenga, sobrava muito pouco: quase nada, coisa à-toa. Era o fim de Vadinho e de seu carrêgo de desejo. Onde já se viu finado em leito de ferro a vadiar, de nôvo sendo? Onde?

Deu revertério na batalha. Exu sem fôrças, cercado pelos sete cantos, sem caminhos. O egun em seu caixão barato, em sua cova rasa, adeus, Vadinho, adeus, até jamais.

Foi quando uma figura atravessou os ares, e, rompendo os caminhos mais fechados, venceu a distância e a hipocrisia – um pensamento livre de qualquer peia: dona Flor, nuinha em pêlo. Seu ai de amor cobriu o grito de morte de Yansã. Na hora derradeira, quando Exu já rolava pelo monte e um poeta compunha o epitáfio de Vadinho.

Uma fogueira se acendeu na terra e o povo queimou o tempo da mentira.
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(Dona Flor e seus dois maridos - Jorge Amado)

setembro 12, 2007

Que [porra de] país é esse?


Sinceramente não sei o que dizer.
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Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que pais é este?
Que pais é este?
Que pais é este?

No Amazonas, no Araguaia, na Baixada fluminense
No Mato grosso, nas Gerais e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que pais é este?
Que pais é este?
Que pais é este?
Que pais é este?

Terceiro Mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que pais é este?
Que pais é este?
Que pais é este?
Que pais é este?
(Que país é este - Legião Urbana)

setembro 11, 2007

Amado amigo Jorge,

depois de tanto tempo, além da saudade, a incredulidade me leva a escrevê-lo novamente. Pois não sabe que conheci mais uma filha sua? Mas, longe do recato e da pudicícia de minha grande amiga Flor, Antonieta é fogosa, descarada. Amabilíssima como Flor, mas descarada.

Conheci em sua vinda para o Rio de Janeiro. Ela me contou que começou a vida na Bahia, mas que não parecia promissor. Digo ao amigo que Antonieta refestelou-se por aqui. Mas foi logo para São Paulo. Não quis ir para o calçadão como uma amiga sua. Bebel o nome da moça, se não estou enganado. Tive notícias de que em São Paulo também comeu e lambeu os beiços. Dizem por aí que é uma porreta para os prazeres do corpo. Como eu soube ao certo? Ah, isso não posso contar. É segredo. E sei que o amigo, como o bom amigo que é, não se zangará comigo.

É verdade que ela voltou à Bahia? Aliás, mudando de assunto, não é por essas épocas que Tieta faz anos? Pois diga a ela que a desejo tudo de melhor que haja nesse mundo e que ela, possa encontrar a felicidade e constantes realizações, seja no Rio, em São Paulo, na Bahia ou em qualquer lugar. Porque ela é uma pessoa maravilhosa e merece! Com força!

Bem, amigo Jorge, vou encerrando por aqui. Mande lembranças a Flor, Vadinho e Teodoro. Por falar nele, como vão seus ensaios com o fagote? E, por favor, não se esqueça de passar à Tieta meus parabéns. Lembre a ela que venha ao Rio quando quiser – e que não se demore para isso! --, pois as portas daqui de casa estão sempre abertas a amigos tão queridos.

Um grande abraço,
do seu amigo Leandro!


PS: Alguns amigos também conheceram Antonieta e se encantaram com ela. Mindu, Jovem Aventureiro e Râzi. Bente boníssima de Rio e São Paulo. Escreveram sobre ela. Qualquer dia desses envio suas impressões ao amigo.

setembro 10, 2007

Sobre dias primaveris

Aprendi a apreciar as diferenças e particularidades de cada uma das estações do ano não há muito tempo. Para ser bem exato, foi observando as mudanças na paisagem do Aterro do Flamengo em minhas idas e vindas da universidade. Antes disso, passei todo o tempo acreditando que estações do ano bem definidas era característico apenas no Hemisfério Norte. Acabei percebendo que isso é bobagem, e pra comprovar, basta prestar atenção.

Acho que depois disso acabei aprendendo a não ter rigidamente uma estação do ano favorita. Adoro o verão e o seu calor abrasivo destas paragens dos Trópicos, da alegria das pessoas, dos sorrisos, dos dias longos. Gosto do outono e de sua [certa] melancolia. Da sua graça discreta, do seu céu magenta-púrpura-alaranjado ao pôr-do-Sol. Gosto do inverno e da sua elegância e das noites de cobertor.

E gosto -- e este post é para ela -- da primavera, da sua alegria em flor, das suas cores. Dos jardins e dos verdes que parecem mais verdes. Aliás, todas as cores parecem mais vivas na primavera, que já começa a dar o ar de sua graça por aqui.

Pois bem... Deixo então algumas fotos que tirei por aqui, na Tijuca, e do meu hibisco.




Marquês da Tijuca

Marquês da Tijuca

Uma ótima semana a todos!

setembro 04, 2007

Sobre estar do outro lado ou De volta da Terra do Nunca



“Oh, Peter, eu tenho que crescer.”
(Wendy)


Quando estamos no colégio, estar com um professor, conversar com ele é algo que nos dá certo prazer. Às vezes o cara é um mala, mas não é isso o que importa. O importante é que ele saiba que você existe e que está ali se dispondo a dar parte da atenção dele a você. Claro que isso não chega a ser um mecanismo de enobrecimento (!) dentro das escolas, mas, pelo que andei observando, até mesmo aqueles alunos que, no auge de sua rebeldia-sem-causa-contra-tudo-e-todos-da-adolescência, gostam de parecer indiferentes a tudo o que os rodeia sentem um certo prazer em estar ali com o professor. Dá pra ver no rosto, no comportamento. E os estágios que tenho feito em colégios têm me ajudado a reparar muito nessas coisas.

Não, isso não é nenhum tópico da ficha de estágio que eu tenho que preencher, nem entra no relatório final. Mas é que eu sempre fui um reparador. Gosto de observar. No final, muitas vezes, acabamos por enxergar coisas que muitos não reparam.

E hoje tive uma experiência bem interessante. Na hora do recreio fui com o professor de História do colégio para a Sala dos Professores e acabei num bate-papo bem descontraído com ele. Logo depois, duas alunas apareceram na Sala e entraram na conversa. Depois ainda mais dois professores da casa se juntaram a nós. E no final das contas, eu me vi sentado em uma mesa batendo-papo com três sujeitos que há quatro anos atrás foram meus professores. Mas o que me deixou mais pensativo nesta conversa foi eu estar do lado deles, e não mais do lado dos alunos. Ao contrário, as meninas ouviam quase que hipnotizadas sobre o mágico dia-a-dia da universidade. E ouviam isso não só daqueles professores, mas também de mim. E me ouviam. E prestavam atenção. E aqueles sujeitos que foram outrora meus professores, em termos de experiências acadêmicas, conversavam comigo naturalmente, como um igual.

Sabe... naquele momento me dei conta de maneira mais profunda, quase fisicamente palpável, das mudanças que vinham acontecendo nos últimos quatro anos. Pensei sobre como um espaço de tempo tão curto pode nos mudar tanto. E não estou falando necessariamente de amadurecimento, não. Não que eu não acredite que eu não tenha amadurecido neste meio-tempo. Mas esse papo de falar da passagem do tempo e se vangloriar de amadurecimentos como se fosse a pessoa mais experiente e madura do mundo, é meio -- por assim dizer -- inconveniente.

O que pensei foi que, nesse curtíssimo espaço de tempo, coisas que eu acreditava, que eu jurava que jamais mudariam em mim se foram. Os recreios viraram intervalos. E eles trouxeram uma série de outras novidades consigo. Pensava que sempre entenderia certas situações, e hoje em dia, por exemplo, tenho que parar e me esforçar para ter o mínimo de tolerância com certos dramas de adolescentes (muitas vezes dramas no sentido teatral da palavra mesmo). Há algum tempo atrás meus pais diziam fazer coisas por mim que um dia eu entenderia. Que era pro meu bem. No final das contas, hoje eu já os entendo. Talvez em muitos casos eu tivesse feito o mesmo que eles. Acho que no final temos em nós mais dos nossos pais do que imaginamos.

Bem, talvez isso seja uma tomada de consciência sistemática de algo que venho percebendo aos poucos, de que a Terra do Nunca não dura para sempre e de que o tempo passa, inclusive para nós mesmos. E de como nem sempre é tão óbvio que o objeto observado, se não muda, pode parecer bem diferente dependendo do ponto de observação em que estamos.

Bem, talvez esse estágio esteja sendo bem mais útil do que simplesmente cumprir uma exigência burocrática do MEC.

"Muito você vai gostar
Quando se sentir levar
Lindos castelinhos no ar
Estrelinhas a brilhar
Você vai encontrar"